quinta-feira, 26 de maio de 2011

Um verdadeiro kinder ovo.

O cara não tinha "engolido" direito o que aconteceu no dia que foi conhecer o setor no Canion da Serrinha, depois de passar o final de semana inteiro de molho no acampamento, enquanto eu e o Sapo conquistava uma via, por ter perdido uma unha ainda conhecendo as bases das vias. Menos de um mês depois o Bruno retornou pro setor, mas a serra é um verdadeiro kinder ovo, iniciamos uma conquista em móvel, abrimos 45m numa laca perfeita, os primeiros 20m eram numa fenda larga um off-with e tínhamos, nossa sorte, 1 peça #6 e 2 #5 onde deu pra tocar esse trecho, logo na saida da P1 uma chaminé estreita, a peça #6 entra só no final uns 4m acima, dali pra frente mais peças grandes novamente. O Bruno tocou 25m depois da P1, uma cordada linda de 4sup com um crux de 5sup, um verdadeiro passeio em móvel.


conquistar vias na serra é mais ou menos isso.




início da via, desde baixo com peças grandes




Bruno repetindo a 1ª cordada, deve ser um 7ºgrau

1ª parada


Saída da segunda cordada


Um verdadeiro parque de diversão

 Maaas, estávamos escalando na serra, e o tempo que parecia estar firme, fechou rapidamente, o Bruno desceu, pra eu bater a parada, como ele parou no meio da laca eu tinha que subir mais uns 4m e sair fora dela para poder bater uma parada, dali pra frente tem que ser proteções fixas, a fenda acaba.
Mas antes mesmo de eu começar a subir a chuva chegou forte, tive que escalar mesmo com chuva, as peças estavam todas na parede, não consegui passar para fora da laca, já estava escorrendo água da parede, a sapata não ficava em mais nada, tive que rapelar numa "árvore" com back-up nas peças de baixo.
Parede já encharcada pela chuva

 Saímos as pressas da parede, e como sempre, tem suas surpresas na serra, nunca ví tanta água por metro quadrado, a chuva não parou até segunda feira pela manhã, digo até segunda pela manhã pois não conseguimos sair do canion já que boa parte da trilha é pelo rio. Mesmo com chuva durante todo o domingo conseguimos escalar 2 vias que ficam protegidas da chuva, na verdade boa parte das vias da serrinha não chove devido aos tetos e negativos.
Segunda feira chegamos no carro no início da tarde e fomos surpreendidos com o meu carro que arrombaram. Logo depois mais uma surpresa junto com um alívio, Tony, Marlon e um bombeiro estavam entrando no canion para saber porque não voltamos domingo. Surpresa por não esperar um possível resgate, alívio por saber que estamos mais seguros assim com uma resposta rápida em caso da real necessidade de um resgate na serra. Agradeço a Aline pelo contato com o Tony e a organização dos envolvidos na operação pela resposta rápida, e espero nunca precisar de vocês, kkkkkkkkk.
Mais informações sobre a mobilização do resgate emhttp://tonyprovesanoescaladas.blogspot.com/


segunda-feira, 9 de maio de 2011

Reforma no abrigo de montanha São Pedro

Fonte: www.serrageral.com
Neste último sábado, dia 07 de maio de 2011 a ASGEM se reuniu mais uma vez no abrigo de montanha Tropas de São Pedro, desta vez com o nobre intuito de limpar, organizar e reformar sua estrutura que vem a muito tempo sendo degradada.
A intenção da ASGEM é dar a devida manutenção ao abrigo não só para uso próprio mas também para servir de apoio a tropeiros, visitantes ou caminhantes que venham a passar por ali. Fica localizado na Trilha dos Tropeiros, que já serviu antigamente como via de comunicação dos campos de cima da serra com a planície litorânea e que é ponto estratégico de parada para quem hoje se aventura a fazer este mágico caminho.
Para esta empreitada foi necessário fazer uma caminhada de cerca de 1 hora carregando ferramentas, comida, água e muita disposição. Foi reativada a bica d água, alinhado o assoalho, recolhido alguns quilos de lixo, recolocada a porta, roçado a trilha de acesso e o pátio do abrigo, reaberta nova trilha que dá acesso as vias de escalada, entre outras funções.
O entrosamento da galera e a energia que fluiu no local tornou este dia de trabalho em uma grande diversão, com direito a “carreteiro de sardinha” e tudo, rsrs, parabéns Ana, teu carreteiro estava demais.
Em uma futura investida, marcada para o dia 28/05, serão ainda recolocadas telhas, plantado mudas de palmeira no pátio e trilha de acesso, entre outras ações, ficando aqui um convite para quem não teve a oportunidade de ir desta vez, comparecer na próxima que será com acampamento de confraternização.
A ASGEM espera que as pessoas que venham a utilizar o local como ponto de apoio ajudem a preservá-lo, levando seu lixo embora, não deixando restos de alimentos no local e não fazendo fogo em locais desapropriados.
Agradecemos a boa vontade de todos que participaram deste mutirão e aos que por algum motivo não puderam estar lá mas que emanaram boas energias para que este evento fosse realizado!



                                       
arrumando o nível do assoalho
antes
depois
galera reunida para a foto clássica



        
        mais de 20kl de lixo nas costas e mais de 200m de parede aos fundos

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Transamazônica

A previsão era de sol com chuva, frio e calor, eu e o Sapo saímos na 5ª feira início do feriado de páscoa as 5 da madruga em direção ao Cânion da Serrinha. O tempo estava bom em Içara, mas tinha uma tempestade de raios na região da Serra, chegamos na barragem do Rio São Bento debaixo de vento e chuva e o dia clareando com poucas núvens no litoral. Esperamos amanhecer para saber o que estava acontecendo e resolvemos entrar no Cânion mesmo com chuva, o setor da Serrinha tem a vantagem do acampamento seco debaixo do teto e muitas vias para abrir onde não molha a parede, fomos mais da metade da trilha com chuva.
A 1ª vez que ví uma foto da parede, uma linha me chamou atênção, um diedro formando um arco muito lindo no lado esquerdo da parede, abri a falconídeo que fica ao lado e não tinha achado a base da via que foi a  última que achei do leste do setor. Comentei com o Sapo sobre o diedro e resolvemos entrar nele, estava cabreiro pois a fenda fica em direção ao diedro e a parede do diedro é negativa. Abri a 1ª cordada de uns 15m em chaminé/diedro protegendo nas raízes e fenda até uma árvore boa onde ficou de P1, o Sapo tocou a segunda cordada, 4m de trepa mato até chegar na fenda e mais 21m de diedro até uma árvore pequena que ficou de P2, não conseguia ver o Sapo e só ouvia ele dizer "que coisa linda", até ouvir os gemidos do Sapo, aiaiaiaiaia, e o saco de magnésio balançando, não sabia se liberava corda ou retasava e o Sapo sem me responder, fui descobrir, a agarra do pé quebrou e ficou com a mão entalada na fenda em um esticão, depois de passar o lance e saber o que tinha acontecendo a cena ficou de piada até agora, kkkkkkkkkk.
Subi limpando até a P2, animal, uma cordada muito linda, um crux de 5º sup na saída do trepa mato e depois toca um 5º grau até a P2 naquele diedro de peça #2 e #3, há blocos soltos na P2, perigo. Continuei conquistando a 3ª cordada, saída num chaminé bom pra proteger fazendo um esticão depois no diedro cego, quase um teto, até a fenda voltar, toquei mais 15m em lance fácil de 4ºsup e bati a P3. A parada ficou tripla de chapeletas, o arenito não é dos melhores, e o rapel foi direcionado até a P2, depois até a P1 e chão. Tomar cuidado com o rapel, levar uma corda  e deixar fixa na P1 ou P2, ou 2 cordas de 60m e rapelar até o chão. A P3 pode ser equalizada com móvel com peças pequenas para reforço.
Graduação sugerida para a via, lembrando que precisa de repetições para confirmar: 5ºsup VIsup E2 55m toda em móvel, conquistadores: Filipe Ronchi e Sapo.
Sapo na saída do trepa mato entrando no diedro, segunda cordada

Sapo na P2


Boca na orelha no meio do diedro

lance do "aiaiaiai" do Sapo, kkkkkkk, ruim pra entalar o pé e sem agarras 

início da 3ª cordada, eu na chaminé

protegendo depois do esticão, fenda cega mas com movimentos fáceis em agarras

terceira parada

Sapo na P2

visão da P3 no final de tarde 

Croqui da via Transamazônica
Sexta feira acordei com o "estrondo" de um bugio em plena 5hs da manhã, era o bugio de um lado e o Sapo do outro, isso que estava uns 10m entre as barracas, kkkkkk. Final de semana movimentado, macacos pregos pulando de galho em galho e nos espiando enquanto rapelavamos da transamazônica, bugio na madrugada, uma caninana gigante e o nosso amigo Tony apareceu também no setor umas 10hs da manhã, repetimos a Falconídeo batemos foto da caninana de quase 2m no acampamento e deixamos o setor, ficou a saudade e a vontade de estar lá novamente conquistando novas vias o mais rápido possível. Novas linhas no setor oeste já estão na mira.